March 11, 2016
Em 2018, privacidade em xeque e mal uso de informações marcaram a indústria de tecnologia. — Foto: Alexandre Mauro/G1
O ano foi voraz para a tecnologia: menos por inovações técnicas e mais pelo impacto que ela passou a ter em nossas vidas.
Foi neste ano que muita gente entendeu que as gigantes da indústria sabem onde vamos, com quem falamos e o que fazemos. E justamente por essa capacidade que as principais empresas do mercado de tecnologia estiveram em xeque — fosse com vazamento de informações, escândalos de interferência em eleições ou tentando conter a disseminação de boatos em suas plataformas.
Em março, o ano de "inferno astral" da companhia começou. Investigações dos jornais “The New York Times” e “Guardian” apontaram que dados de mais de 50 milhões de usuários haviam sido usados pela empresa britânica Cambridge Analytica para fazer análise política e influenciar as eleições americanas de 2016. Com esses dados, a consultoria pôde direcionar conteúdo e influenciar a campanha presidencial.
Em abril, o Facebook afirmou que o número era maior — 87 milhões de usuários tiveram dados explorados pela Cambridge Analytica. Entre eles, quase 450 mil brasileiros.
Christopher Wylie, ex-diretor de pesquisa da Cambridge Analytica, responsável por trazer o caso à tona, disse que o mesmo sistema de coleta e uso de dados teve papel crucial para influeciar no Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
Relembre como foi o escândalo envolvendo Cambridge Analytica e o Facebook. — Foto: Alexandre Mauro/G1
Relembre como foi o escândalo envolvendo Cambridge Analytica e o Facebook. — Foto: Alexandre Mauro/G1
A Cambridge Analytica fechou as portas com perda de clientes diante do escândalo. Já o Facebook continua envolvido em casos de mal uso das informações dos usuários.
Neste mês, uma nova investigação mostrou que a empresa forneceu dados de usuários a gigantes de tecnologia, como Netflix, Microsoft, Amazon e Spotify.
Também em dezembro, o Facebook foi processado por um procurador de Washington pelo caso Cambridge Analytica e está sendo investigado pelo Departamento de Justiça e pela SEC, órgão que regula os mercados nos EUA.
O impacto também foi financeiro: foi a empresa que mais perdeu valor de mercado nos EUA no ano: US$ 129,8 bilhões até esta quinta (20).
Veja outras polêmicas que marcaram o ano do Facebook:
Não sobrou só para o Facebook em 2018. Twitter, Google e WhatsApp (que é uma empresa do Facebook) também tiveram que lidar com questionamentos sobre a influência de suas plataformas e sobre como elas disseminam informação falsa.
A polêmica das empresas ainda repercute. Em dezembro, relatório do Senado dos Estados Unidos mostrou que "trolls" russos usaram redes sociais e plataformas dessas empresas para dissuadir pessoas de votar.
Na esteira dos escândalos, entrou em vigor, em maio, a lei de proteção de dados na Europa, a GDPR.
Criada para proteger os cidadãos europeus de sistemas de vigilância, a regulação caiu como uma luva numa época de maior preocupação com como as empresas lidam com nossas informações.
E acabou inspirando a nossa própria versão, a Lei Geral de Proteção de Dados, que uniu projetos que já tramitavam no Congresso.
Aprovada em agosto, a regulação brasileira tem punições um pouco mais brandas que a europeia, mas funciona de maneira semelhante para proteger os dados. Ela passa a valer somente em fevereiro de 2020, depois que terminar o prazo de adaptação para as empresas locais.